DUBAI: PARAÍSO DA ARQUITETURA HIGH-TECH


Um lugar que possui um vasto material que nos proporciona viajar por descobertas da ciência e rica de detalhes que, aguçam nossa mente. A forma arquitetônica está sendo explorada em seus limites materiais, até a inversão de seus fundamentos construtivos e produtivos, num jogo de volumes e efeitos, aparentemente sem regras e limitações, em busca do grau máximo da renda. Este artigo interpreta essa nova condição da arquitetura.O termo High-Tech caracteriza-se pela utilização em grande escala de superfícies em vidro e de estruturas metálicas (ferro, aço inox ou alumínio), pelo recurso á tecnologia industrial mais desenvolvida, pela flexibilidade funcional e pelo pragmatismo construtivo e simplicidade formal.

Esse termo é utilizado no campo da Arquitetura para designar uma corrente que teve expressão particularmente significativa em Inglaterra e Estados Unidos da América. Mas agora, o mundo está focado para uma das cidades dos Emirados Árabes Unidos que mais se desenvolve nos últimos anos não só por seus opulentos hotéis sete-estrelas, edifícios altos e centros comerciais simbólicos de uma sociedade orientada por aspiração. Como centro do país, de inovação, Dubai está liderando o caminho em crescentes construções, avanços tecnológicos e resultados favoráveis para a economia.

Dubai é uma cidade sinônima de Arquitetura moderna e hospitalidade para quem têm muita grana, o paraíso para os bens sucedidos do mundo. A ideia central era a de modernidade: a cidade mostra contemporaneidade em todos os sentidos. E o setor econômico que mais cresce é o entretenimento, e essa oferta constitui fator decisivo de preferência dos compradores. O forte de sua economia são as atividades oriundas do turismo que já está contando com um imenso centro de comércio e turismo. A cidade é um imenso canteiro de obras, são os dirigentes dos Emirados Árabes Unidos, que sabendo dos poucos anos de vida do petróleo, investem no futuro. Sua população é formada em sua maioria por emigrantes, vindos do Sul da Ásia de das Filipinas.
A pesquisa exploratória, que pode ser realizada através de diversas técnicas, geralmente com uma pequena amostra, permite ao pesquisador definir o seu problema de pesquisa e formular a sua hipótese com mais precisão. A questão é: o que ainda é necessário para que se torne um sonho de consumo da sociedade mundial, mesmo com tantos recursos da tecnologia?


Resultado de um cenário sócio-político-econômico único, o fenômeno de explosão de novas construções está alterando dramaticamente a cidade. Nunca se viu tantas e tão impressionantes obras em um só lugar em tão pouco tempo.

Proporcional ao impacto que todas estas obras têm obras para a imagem da cidade para o mundo deve ser também o impacto provocado por tudo isto na vida da população nativa, reduzida a apenas 10% dos habitantes atualmente, assim como, e principalmente, no meio ambiente. É do meio ambiente, aliás, que se origina toda a imensa quantidade de recursos que alimentam os mais variados devaneios urbanos e surtos arquitetônicos, frutos de mentes criativas e autoridades aparentemente onipotentes.

A proximidade do fim da era do petróleo nos Emirados Árabes Unidos, o que deve ocorrer dentro de uma geração, é o que motiva as suas autoridades a empreender algumas das mais impressionantes obras do planeta, algumas delas as mais grandiosas estruturas já construídas pelo homem. É um esforço gigantesco o objetivo de atrair a atenção do mundo, turistas de todas as partes e muitos novos dólares, advindos não mais do petróleo, estão sendo cumprido com eficiência. Todo mundo quer ir ver o surgimento de uma nova Dubai.

Nesse contexto, o grande apego sobre a alta tecnologia, como o local onde tudo é o maior do mundo, onde exerce forte impacto sobre as pessoas aguçando a sua curiosidade e atraindo a conhecer esse mágico lugar, essa proposta funciona para a cidade de Dubai. Mas, um ponto em que não são tão bons na influência de suas determinadas obras são os termos ambientais na determinação do projeto arquitetônico.

Imaginemos agora a quantidade de energia que será necessária para que a cidade funcione. Ela se encontra no deserto cercado pelo mar e os edifícios em sua grande maioria são todos revestidos de vidros, o que os torna absolumatente dependentes de climatizadores e controles da temperatura. Dubai é composta por edificações altas, sendo o maior com quase 1000 metros de altura. Imagine se ao invés de vidros fossem utilizadas placas catadoras de energia solar em toda sua superfície e que fossem criados túneis de vento para além de ajudar na ventilação de teto também gerarem energia as coberturas dos edifícios dos edifícios mais extensos poderia se plantar criando uma agricultura suspensa e o mar poderia ser transformado em outra fonte de energia.

Um dos métodos mais práticos e precisos para que torne um edifício completo não só pela estrutura, design e engenharia, mais sim a sustentabilidade em seu torno. Para que melhore o ambiente da região, ou seja, menos poeira, desidratação por conta do excesso de calor é desastres naturais e preciso que o local torne-se cada vez mais verde.

A Arquitetura high-tech deve ser pensado sobre o ponto de vista em tornar o mundo mais belo e sustentável a tecnologia deve benefícios ao planeta como todo e uso adequado na arquitetura poderá ser decisivo para isso. Em zonas urbanas, a maneira mais econômico e rápido de melhorar o clima ambiental é através d vegetação. A arquitetura high-tech deve gerar como hipérbole a sustentabilidade do planeta. Segundo Johan Van Legen:

Não devemos deixar que as comunidades cresçam sem nenhuma área verde. Quando não houver um lugar com belezas naturais, devem-se deixar alguns terremotos para que os habitantes tenham um parque no futuro. Da mesma forma como fazemos com o traçado de uma rua, o que se deve fazer primeiro é plantar árvores. No caso de um assentamento novo na selva, devem-se deixar grupos de árvores para o desfrute dos futuros habitantes. (VAN LENGEN, 2004, p.133)

Van Legen explica que nada adianta fazer uma cidade de grandes estruturas se não há áreas verdes, de vegetação, parques florestais e áreas agrícolas. Também diz que se devem deixar alguns terremotos por não haver belezas naturais, isso porque faz do local um fenômeno de explosão de novas construções em tempo recorde e acaba alterando, prejudicando dramaticamente a natureza ao seu redor. Por isso, o impedimento da natureza, a não integração com a natureza faz com que ela se revolte futuramente. Por ser no Golfo Pérsico, onde já existiram antes terremotos absurdos aos redores, ventanias e furacões de poeira não esta longe de acontecer tudo isso, muito menos numa cidade onde tudo é consumo e tecnológico.

Dubai está situada na costa do Golfo Pérsico que está praticamente ao nível do mar, e sua ocupação é de uma área de mais de 4.100 quilômetros quadrados. Grande parte da paisagem de Dubai é destacada por padrões de deserto de areia e cascalho que dominam grande parte da região sul do país. O lugar onde influi toda essa arquitetura, o deserto que dá traços de características muito significativos ao entrar em contato com a terra Arábia se dá a importância do comprometimento com o lugar que é fundamental. Fiori fala que:

“As obras arquitetônicas não só se encontram em lugares ou fazem parte de lugares, mas são elas próprias, lugares ou conjuntos de lugares em si mesmos. Arquitetura pode ser entendida como a produção de lugares.” (FIORI, 2005, grifo nosso).

Nessa concepção, a cidade possui um imenso desejo de consumo e prazer ao ver as necessidades do homem ao seu favor num mundo mágico de inspiração. No sonho que muitos na época jamais imaginariam que Dubai tudo é superlativo, onde encontra o mais alto prédio do mundo, hotel mais luxuoso e caro do globo, o maior shopping Center, o maior aeroporto, etc. Além disto, construíram uma montanha de neve artificial para esqui, piscinas com ondas, um campo de golfe que precisa de milhões de galões de água por dia, restaurantes construído em gelo, hotéis feitos em granito, mármore e ouro, etc. E muitos automóveis e ar condicionados. Ninguém anda a pé. Para os consumidores, as lojas conta com inúmeras grifes, incluindo os mais conceituados joelheiros de Paris, as melhores marcas da alta costura, a as mais sofisticadas lojas de equipamentos eletrônicos.

Dubai é hoje uma cidade que se vende como se fosse um grande comércio do deserto. Daniel Miller é um dos maiores expoentes autores quando se diz em relação ao consumo. Ele retirou o consumo do campo restrito da economia e do racional, ampliando o entendimento do que as compras representam para as pessoas, não só em termos materiais, econômicos ou financeiros, mas também em termos sociais, culturais e afetivos.

Dubai pretende reestruturar sua economia após a crise financeira global, trocando o foco em seu setor de bens de indústria de alta tecnologia. Analisando os estudos de Miller, buscamos transcender o dualismo entre sujeito e objetos, investigando como as relações sociais se configuram através do consumo nas sociedades contemporâneas industriais. Nesse contexto, indústria de alta tecnologia completaria o emirado existente "pilares clássica" de economia que é o comércio, turismo e serviço.

O comércio pode se relacionado a uma multiplicidade de significados e identidades, e que as relações entre formas e significados podem ser complexas e ambíguas. Miller ampliou seus estudos ao concluir que:

O estudo do consumo deste local não pode estar desvinculado da análise das implicações da materialidade das coisas. Ou seja, os meios de objetificação importam, uma vez que a fisicalidade dos objetos remete à práxis - construção cultural através da ação. Logo, uma observação em torno dos modos, as técnicas e os materiais implicados na construção dos materiais de consumo. Assim também é preciso observar os contextos de distribuição e consumo e os usos pelos consumidores. (MILLER, 2005, grifo nosso).
O autor acredita que se os consumidores são aqueles que têm uma relação secundária com os objetos com quem se relacionam, no sentido em que eles não o fabricam diretamente, mas os adquirem por meio de compra, troca ou presentes, então o consumo tem interesse como objeto de estudo antropológico. O envolvimento com o local altera e muito o desenrolar do comércio árabe, agora com muita tecnologia em geral, a fatura que entra para a cidade é enorme em comparação aos anos anteriores (anos 90).

Em outro sinal de que as autoridades estão tomando um novo olhar sobre o futuro do emirado, os objetivos do PIB estão sendo revistados. Dubai é a maior economia não petrolífera na região. Todos os indicadores macro-economia que temos na maioria dos setores tem feito fantástico. O turismo faz parte de um universo maior, denominado lazer, que é entendido por todas as atividades desenvolvidas fora do sistema produtivo (trabalho), das obrigações sociais, religiosas e familiares. As viagens e o turismo é (ou deveria ser) um direito legítimo e acessível a todos. Não é luxo, destinado apenas aos mais ricos. É fundamental entender que o turismo é uma atividade econômica, cultural e social.

A ênfase nos ricos e o consumo levaram a uma ênfase muito maior na diferenciação de produtos no projeto urbano. Assim, os arquitetos e planejadores urbanos re-enfatizaram um forte aspecto e acumulação do capital: O “Capital Simbólico” a acumulação de bens e consumo desenfreado que distingue quem o possui. – Traduzem-se em formas “materiais de capital”. A preocupação direta com aparências superficiais que ocultam significados subjacentes e o domínio de gosto e cultura.

Os vôos da Emirates já iniciam o processo de sedução, com imagens atraentes da cidade, como um ritual de preparação ao visual sedutor da cidade, que é uma cidade que pode sim ser chamada de Hipermodernidade, que é um termo que se chama no atual, do que é agora. Gilles Lipovetsky fala que:

A expressão pós-moderno, isto é, de algo que vem após a modernidade, há anos havia uma modernidade de novo gênero que tomava corpo e não uma simples superação daquela anterior. Rápida expansão do consumo e da comunicação em massa; enfraquecimento das normas autoritárias e disciplinares; surto de individualização; perda da fé no futuro revolucionário; descontentamento com as paixões políticas e as militâncias. (LIPOVETSKY,  2004, grifo nosso).

O contexto de Dubai, no entanto, contém mais um elemento que não é encontrado em outras cidades famosas, tais como Los Angeles, típica de uma cidade americana. Em Dubai, tudo é novo, tudo é criado, quase nada lembra o passado de como era antes. A cidade parece estabelecer um novo paradigma urbano: o desejo de superar o que já existe, de ultrapassar as dimensões dos contextos, de alimentar o sonho de um paraíso na terra. Hotéis, ilhas e arranha-céus de alto padrão que nos proporciona a uma visão futurista da cidade.

A indústria do entretenimento e do turismo está presente em todos os aspectos da cidade. Tudo conduz ao consumo e, em certo sentido, à fetichização do mesmo. Em seu livro Baudrillard cita que:

Não podemos nem imaginar o quanto o virtual já transformou, como que por antecipação, todas as representações que temos do mundo. Não podemos imaginá-lo, pois o virtual caracteriza por não somente eliminar a realidade, mas também a imaginação do real, do político, do social - não somente a realidade do tempo, mas a imaginação do passado e do futuro. (BAUDRILLARD, 1999, p. 71-72).
Portanto, Dubai quer ser completamente auto-suficiente, completando-se dia a dia, seja em cultura, seja em arquitetura, para se transformar numa hipermetrópolis onde tudo é possível.

O presente artigo possibilita uma visão mais abrangente do que seria a cidade de Dubai e de sua tecnologia nas edificações, dos vários temas abordados, propiciando maior informação. Neste sentido, foi possível observar as características principais de cada um dos temas bem como a já citada na introdução do presente artigo. Pôde-se ainda, constatar a importância de um trabalho sócio-cultural, onde os estudos sobre a produção da arquitetura na cidade, as críticas pela falta sustentável das obras, do consumo e o que torna o turismo um lugar de entretenimento para o mundo. Dubai passa por aspectos não só técnicos, mas também por outros de ordem subjetiva. O tema é amplo e carente de estudos aprofundados onde se possa averiguar de forma metodológica os principais pontos levantados para esse artigo: intelectualidade da alta tecnologia empregada na cidade, processo para uma cidade mais verde, cultura, produção do espaço. e o alto consumismo gerada por uma cidade de que vem se destacando nos últimos anos.

A principal contribuição deste artigo é justamente incitar à temática, com o desejo de que os arquitetos e urbanistas questionem seu papel social e encontrem uma forma original de se expressar, tendo como fruto a melhor produção da arquitetura high tech de forma sustentável.

Autor: Felipe Lucena
REFERÊNCIAS
VAN LENGEN, Johan. Manual do Arquiteto descalço. Rio de Janeiro: Livraria do arquiteto, 2003.
FIORI, R. Arquitetura, espaço e lugar: arquitetura e urbanismo em debate. Passo Fundo: A. WICKERT, 2005]
MILLER, Daniel. Teoria das compras. São Paulo: Nobel, 2000.
LYPOVETSKI, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.
BAUDRILLARD, Jean. América. Trad. A. Cabral. Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
_____. Trad. Silvina Rodrigues Lopes O crime perfeito. Lisboa: Relógio D’Água, 1996.
_____. Trad. Anibal Alves. Para uma crítica da economia política do signo. Lisboa: Martins Fontes, 1995.
_____. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio d’ Água Editorial, 1991.
_____. Trad. Juremir Machado da Silva. Tela total: mito-ironias da era do virtual e da imagem. PA: Sulina, 1999.

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